Exames Nacionais antes e depois de 2005



Os alunos finalistas que fizeram exames nacionais após 2005 ficaram beneficiados, em termos de notas, pela reestruturação dos exames ordenada pelo Ministério de Educação. Esta reestruturação substituiu parcialmente a avaliação dos conhecimentos específicos das disciplinas pela avaliação dos conhecimentos não-específicos, que pertencem ao domínio do bom senso e da experiência diária. Introduzidos gradualmente nos anos 2006 a 2008, estes ajustes estruturais fizeram, entre outras coisas, com que as notas médias dos exames nacionais em Matemática e Português subissem de 7,0 para 12,5 valores, enquanto a taxa de aprovação subia igualmente de 30% para 90%, deixando contentes quer os alunos quer os pais, mas, em primeiro lugar, o Ministério de Educação.

Infelizmente, esta subida administrativa de notas fez com que os alunos que antes ficavam fora do ensino superior, por terem a nota média inferior a 9,5 valores, mínimo exigido pelas universidades, pudessem entrar agora sem que o seu nível de conhecimentos tivesse melhorado relativamente a 2005.

Para as pessoas perceberem, deixamos aqui um gráfico que permite comparar as notas obtidas na avaliação de conhecimentos antes (Avaliação de conhecimentos) e depois de 2005 (Nota do exame). Podemos confirmar facilmente que os mais beneficiados foram os alunos com menos conhecimentos. Por exemplo, para obter uma nota de 9,5 valores e entrar num curso superior, basta ter agora os conhecimentos específicos da respectiva disciplina avaliados em 2,5 (!!!) valores. Assim não nos surpreende a existência de alunos que levam mais de 10 anos para acabar um curso superior com médias finais muito fracas. Por outro lado, para manter os padrões de conhecimento iguais aos que existiram antes de 2005, deviam as universidades aumentar as notas mínimas de entrada, de 9,5 para 14 valores, como mostram as setas no gráfico.

Assim, consideramos que a actuação do Ministério da Educação é contrária à própria natureza da educação.

Acrescentado posteriormente

A diferença entre as notas de avaliação contínua e as notas de avaliação por exame, que o ME corrigiu em 2005, surgiu porque na avaliação contínua o aluno melhor aproveita a sua memória de custo prazo. De facto, a memória de curto prazo é o único recurso da esmagadora maioria dos alunos, pois não estão a ser ensinados nem incentivados para usarem a sua memória de longo prazo, conforme explicado neste post.

Sem comentários: